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segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Dilma denuncia crise política criada para afastá-la do cargo


“Essa crise política se caracteriza pelo seguinte fato: dois meses após a minha eleição, é pautada a questão do impeachment, é pautada não só pela pauta política da oposição de então, mas também pela pauta jornalística. E essa crise aprofunda de forma acentuada a situação econômica do País também. Ademais, elege-se o Sr. Eduardo Cunha, Presidente da Câmara dos Deputados, com o apoio da atual situação.”

Foi essa a explicação que a presidenta eleita Dilma Rousseff deu ao candidato derrotado nas eleições de 2014, senador Aécio Neves (PSDB-MG), para explicar as atitudes que tomou após chegar ao cargo de Presidente da República com o voto de 54 milhões de brasileiros.

E, citando o prêmio Nobel, Joseph Stiglitz, disse: "A crise no Brasil estava precificada, a crise econômica ia ocorrer, o que não estava no cômputo era uma crise política das dimensões que o Brasil enfrentou"

A crise política, contou Dilma Rousseff, começou com a eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para Presidente da Câmara, em fevereiro, “que produz uma situação complexa para o meu governo. Essa situação complexa se caracteriza pelo fato de que os projetos que nós enviamos para buscar uma saída fiscal para a nossa situação, e lembrando que prevíamos – nós e o mercado, não fomos só nós –, nós e o mercado prevíamos que isso, no final de 2014, íamos ter um crescimento do PIB de 0,8 – nós e o mercado.”

Ação sistemática e negativa

Ao invés de ajudar à presidenta a adotar soluções para a crise, houve uma ação sistemática e negativa “no sentido de não aprovar as medidas que nós mandamos, ou elas são aprovadas parcialmente ou são rejeitadas.”

Soma-se a isso, lembrou a presidenta eleita, algo que se chamou pautas bombas. “Não fui eu que botei esse nome ‘pautas bombas’, 'pautas bombas" é algo que a imprensa criou, o nome que se caracteriza pelo fato de que, ao invés de a gente ter medidas para sanar a questão fiscal, uma vez que caía vertiginosamente a receita, o que se faz é o contrário: aumenta-se a receita.”

No ano de 2016, isso atinge o clímax. A Câmara, que tinha obrigação de voltar ao trabalho em fevereiro, ficou paralisada, sem funcionamento de importantes comissões permanentes como a de Constituição e Justiça (CCJ), a de Orçamento, a de Fiscalização e Controle, até cinco dias antes de Dilma Rousseff ser afastada da presidência. “Enfim, todas aquelas comissões, que os Srs. Senadores e as Srªs Senadoras sabem que impactam, impactam diretamente a questão fiscal, não funcionaram”, destacou a presidenta.

Câmara parada

“Algo incrível acontece nesse país, porque o Congresso foi atingido, pois, ao não aprovar na Câmara, não tem como aprovar no Senado. Ao não ser objeto sequer de consideração, porque não tinha comissão funcionando, é algo que mostra uma artificial conduta no sentido de inviabilizar o meu governo. Isso é extremamente grave”, destacou Dilma, lembrando que “e não vi ninguém, principalmente na mídia, ficar estarrecido diante desse fato, esse fato que é, na verdade – isso sim – um descompromisso com a coisa pública.”

A presidenta eleita explicou ainda que, diante da crise econômica, “existe uma discussão que emerge da constatação feita por vários técnicos do Fundo Monetário no sentido de que não é possível supor que, pura e simplesmente, a política de forçar a redução do gasto público leva necessariamente à saída da crise.”

Citando o Fundo Monetário Internacional, ela disse que: “faça-se uma mudança mais flexível no curto prazo e uma mudança olhando mais a reforma no longo prazo. Foi isso que pretendíamos fazer. Podemos ter desconhecido o fato de que, naquelas circunstâncias, com aquela forçação política,não conseguiríamos aprovar as medidas necessárias. Mas, as medidas que propusemos, são aquelas necessárias para esse país sair da crise.”

Ela lembrou ainda que mandou para o Congresso, no início de 2016, as propostas de alteração do resultado primário de 2016. “Por que nós achávamos que se tratava de pagar todas as dívidas. Nós propomos gastar no pagamento dos orçamentos, que nós já tínhamos comprometido e que, portanto, tinham sido reduzidos, porque a receita tinha caído, o que tornava impossível a execução do orçamento naqueles padrões. Além disso, nós propusemos também um aporte à saúde.”

“Quanto pior, melhor”

E denunciou que, como Presidente da República, não poderia enfrentar as crises, que são cíclicas, no mundo atual em relação à economia internacional e não só ao Brasil, sem uma cooperação entre os diferentes órgãos do Poder, acusando os que apostaram na política do "quanto pior melhor".

“Eu acredito no direito sagrado da oposição defender uma política contrária à da situação. Ela deve fazer isso, porque isso faz parte da riqueza democrática. O que ela não pode fazer é que, em nome do ‘quanto pior melhor’, impeça o País, com graves consequências para a população, de sair da crise. Isso não é possível”, criticou a presidenta eleita.


Fonte:
Com informações de agencias e Portal Vermelho.

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